domingo, 19 de setembro de 2010


Da última vez que lhe escrevi, deixei que no papel todo o meu amor se impregnasse. Pensei até em derramar o meu perfume pelas páginas, para que, de alguma forma, quando você tivesse em suas mãos o frio envelope e então o abrisse, o meu cheiro se espalhasse pelo ar. Mas não deu tempo. Sempre fui ansioso demais e, dessa vez, tive pressa de enviá-lo. Corri contra o tempo e tentei colocar no pouco espaço que me restava, uma parcela do sentimento que ainda nutro dentro do peito. Engraçado como às vezes esperamos tanto de tão pouco. Depositamos em palavras, papéis, imagens toda a esperança de voltar a viver aquilo que até então nos fez tão bem. Aquela carta significava o sol, as estrelas e a tua lua que nos pertenciam. Confesso que quis voltar atrás e retirá-la de circulação com medo de fazer mais uma vez tudo errado. Mas era tarde para tentar impedir o meu amor de ir ao seu encontro. O meu amor sempre foi independente de mim, por mais que tantas vezes eu buscasse a racionalidade, tentando convencê-lo de que já era tarde, ele sempre teve vontade própria. Sempre lutou quando tudo parecia mostrar que era preciso desistir. Às vezes me pergunto como será da próxima vez que eu me deparar com você. Tenho medo de então perceber que já não é mais a pessoa com quem eu tive tanta cumplicidade. Aquela que me fez sorrir e construir uma história de saudade e amor. Eu confesso que não pretendia, mas ainda insisto em lutar por nós dois. O que eu guardo da gente não são as lembranças de um passado tão próximo. É a sensação da sua pele perto da minha, quando eu te abraçava e a gente assim adormecia tantas vezes no chão, porque a cama era fraca para suportar nós dois. São as caminhadas pela madrugada, por ruas distantes, as subidas de ladeiras em que olhavamos pro céu. São as vezes que brigamos e, depois, percebemos o quanto o amor era forte. O que guardo de nós dois não é o que me prende ao passado. É a vontade de dizer o quanto é imenso o meu amor por você e infinita a vontade de te fazer sorrir sem medidas. Ainda não consigo ver onde foi que eu soltei a tua mão e falhei. Sempre tive meus defeitos e nunca os escondi de ninguém. Sempre falei para mim mesmo que eles um dia iriam me fazer sofrer e eu contava com a sua ajuda para vencê-los. Não guardo tristeza no peito, por mais que as minhas palavras possam assim transparecer. O que eu guardo são os sonhos e a promessa de um amor que ainda é forte. Não procuro precipitações, nem decisões arriscadas. Busco te mostrar que as coisas seriam diferentes, naturalmente. Que os medos seriam vencidos e que não havia máscaras para você. Da última vez que você se foi, me deixou com palavras de acalanto, dizendo que tudo ficaria bem. Estou aqui, no banco do parque, olhando pro lago. No mesmo lugar. Seguro no amor que sinto por você. Estou bem. meu bem. 7b

3 comentários:

  1. Acreditar no amor é um dom, eu penso assim. Ao menos você luta por algo que você acredita, e por acreditar, luta como se não houvesse um fim, ou talvez por ser difícil de aceitar que haja um fim numa história tão linda.
    Continue lutando, @rafiuks_, já que no teu coração ainda há espaço. Não é nada bonito ver essas escovas separadas por motivos tão bobos: só falta ele perceber isso, rs

    Seu lindo.

    Te adoro;.

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  2. Minha visão das coisas não é tão romântica.
    Mas sua escrita é bacana, é gostosa de se ler.

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' tem espaço na casa e no coração'- a poética é uma arte que se constrói com esforço e dedicação.